Aumento drástico nas recuperações judiciais, afetando principalmente três em cada quatro pequenos negócios.

Em abril, o número de pedidos de recuperação judicial atingiu o ponto mais alto em seis anos, de acordo com dados do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian. Um total de 184 empresas ingressaram com processos de proteção no mês, superando os 183 pedidos do mês anterior.

Este resultado representa o terceiro pior da série histórica da Serasa Experian, ficando atrás apenas dos meses de setembro de 2016 (244) e de março de 2018 (190).

Embora a variação possa ter sido pequena no mês, em comparação com abril de 2023, a quantidade de empresas buscando recuperação judicial aumentou em impressionantes 97,8%.

Apesar do ciclo de redução de juros iniciado pelo Banco Central em agosto, o impacto das altas taxas da Selic ainda sobrecarrega o caixa das empresas, dificultando a quitação de dívidas e sua reorganização financeira.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, destaca: “Enquanto a inadimplência não diminuir, as recuperações judiciais continuarão a aumentar, exigindo negociações com credores e implementação de estratégias para aumentar a receita e cumprir com os pagamentos”.

Além do efeito a longo prazo dos juros elevados, o impacto contínuo da pandemia ainda afeta a recuperação das empresas. Contratos antigos foram ajustados e estão vencendo agora, enquanto contratos celebrados durante a pandemia, com previsões otimistas de crescimento, não se concretizaram.

Quando se trata de Micro e Pequenas Empresas (MPEs), a situação é ainda mais preocupante. Dos pedidos feitos, 144 foram de CNPJs de pequeno porte, representando 78% do total.

Filipe Denki, advogado especialista em Direito Empresarial, destaca: “As Micro e Pequenas Empresas são as mais afetadas em períodos de crise devido ao acesso limitado ao mercado de crédito e à falta de estrutura administrativa financeira das médias e grandes empresas”.

A dificuldade em acessar crédito torna a recuperação dessas empresas ainda mais desafiadora, segundo Luís Fernando Guerrero, professor do Ibmec e especialista em recuperação judicial.

Em resposta ao alto endividamento das pequenas empresas, o governo lançou o programa Desenrola Pequenos Negócios este ano, destinado aos Microempreendedores Individuais (MEIs) e MPEs. O programa contemplará renegociações de dívidas não pagas até 23 de janeiro deste ano, visando mitigar os impactos da inadimplência, que atualmente afeta 25% das Micro e Pequenas Empresas, de acordo com levantamento do Sebrae.

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