“Escândalo contábil nas Americanas resulta em perdas superiores a R$ 25 bilhões”
Considerado um dos grandes nomes do varejo brasileiro, o Grupo Americanas, com quase um século de história, surpreendeu o país em janeiro do ano passado ao revelar “inconsistências contábeis” superiores a R$ 20 bilhões. Essas irregularidades, até então desconhecidas por investidores, fornecedores, credores, trabalhadores e pela sociedade brasileira como um todo, foram identificadas por uma análise da área contábil da empresa. Essas operações envolviam financiamentos de compras no valor aproximado de R$ 20 bilhões, que resultaram em dívidas não adequadamente registradas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras da companhia. Logo após o anúncio, o Grupo Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial para proteger seus negócios e patrimônios das cobranças de dívidas imediatas. Posteriormente, a empresa revelou que essas inconsistências eram resultado de fraudes. Após uma auditoria independente, verificou-se que ex-diretores da companhia manipularam dados contábeis, totalizando R$ 25,3 bilhões. A fraude envolveu a criação artificial de contratos de verbas de propaganda cooperada (VPC) para melhorar os resultados operacionais da empresa. Esses valores fictícios em VPC foram lançados nos balanços contábeis, simulando redução de custos, mas sem efetiva contratação de fornecedores para os serviços. Além disso, foram identificadas operações de risco sacado, nas quais houve antecipação de pagamentos a fornecedores por meio de empréstimos bancários não devidamente contabilizados, resultando na ocultação de bilhões em dívidas. Ex-diretores da Americanas estão sendo investigados pela Polícia Federal (PF), e dois deles tiveram prisão preventiva decretada, posteriormente convertida em medida cautelar para impedir que deixem o país. Segundo relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a dívida da empresa com seus credores, considerando as inconsistências contábeis, ultrapassava os R$ 42 bilhões em setembro de 2023. A Americanas, que começou como uma modesta loja de Niterói em 1929, expandiu-se significativamente ao longo das décadas, tornando-se uma das maiores sociedades anônimas do varejo no Brasil, listada na Bolsa de Valores desde os anos 40. Nos anos 2000, a empresa iniciou sua jornada digital e realizou aquisições estratégicas, como Shoptime, Ingresso.com e Submarino. Recentemente, anunciou o encerramento dos sites Shoptime e Submarino como parte de sua nova estratégia de negócios, focada em operações ágeis, rentáveis e eficientes para oferecer uma experiência de compra aprimorada.