A necessidade da campanha educativa na implementação do DREX

O Banco Central está avançando com a implementação do Drex, a moeda digital brasileira, mas ainda enfrenta desafios importantes. Embora já tenha iniciado a segunda fase de testes, a moeda digital precisa resolver questões fundamentais, como a implementação de uma solução definitiva de privacidade que atenda à legislação brasileira. Apesar das quatro ferramentas de privacidade disponíveis, nenhuma delas foi capaz de atender completamente aos requisitos necessários. Esse é um ponto crítico que precisa ser solucionado para o sucesso da moeda. Além disso, a segunda fase de testes traz novidades significativas: permitirá a inclusão de ativos não regulados pelo Banco Central na plataforma, iniciará a avaliação de contratos inteligentes e ampliará a participação de mais atores no projeto piloto. Com isso, o Banco Central já prevê um adiamento da implementação do Drex para 2025. Na primeira fase do piloto, foram selecionados 13 casos de uso a partir de 42 propostas apresentadas por 16 consórcios participantes. Entre os casos escolhidos, estão transações envolvendo diferentes tipos de ativos, como imóveis, carros e cédulas de crédito bancário (CCBs). No exemplo da compra e venda de carros, o Drex pode resolver um problema clássico: a transferência da posse do bem sem que o pagamento seja feito ou, para o comprador, o depósito do valor sem que o carro esteja registrado em seu nome. Com o Drex, essa transação será simultânea, segura, transparente e fluida, eliminando fricções e aumentando a confiança entre as partes. Embora a moeda digital brasileira abra um novo universo de oportunidades para o setor financeiro, sua adoção não será tão simples quanto a do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos que teve uma adesão rápida e massiva entre os brasileiros. De acordo com a pesquisa “Da cédula ao Drex: a evolução do real em 30 anos”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) para o Mercado Pago, 46% dos entrevistados ainda estão indecisos sobre a migração para a moeda digital, o que reflete um certo receio em relação à sua aplicação. Esse receio está ligado à falta de familiaridade com a tecnologia blockchain e sua usabilidade. A pesquisa também revela que 50,5% dos brasileiros acreditam que o papel-moeda desaparecerá nos próximos 10 anos. Além disso, a desconfiança em relação à tecnologia blockchain, alimentada por golpes envolvendo criptomoedas como Bitcoin e Ethereum, é uma preocupação legítima para parte da população. No entanto, vale destacar que, ao contrário dessas criptomoedas, o Drex será lastreado no real, o que lhe confere maior estabilidade e alcance. Para incentivar a adoção do Drex pelos brasileiros, é essencial investir em campanhas educativas, um aspecto frequentemente subestimado, mas fundamental para o sucesso da transição para a moeda digital. A educação financeira, além de ser crucial durante a fase de testes, deve ser uma prioridade constante para garantir que a população compreenda as vantagens e o funcionamento do Drex. O Brasil tem se mostrado um terreno fértil para a inovação tecnológica, especialmente no setor financeiro, e a transformação digital já é uma prioridade para muitas empresas. No entanto, para garantir que essa receptividade se mantenha, é fundamental continuar promovendo a educação financeira em todas as suas vertentes.

O futuro da sustentabilidade é inteligente: a IA como aliada na jornada ESG

A implantação de um modelo de governança corporativa totalmente alinhado com os princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) é uma necessidade crescente, mas não é uma tarefa simples. Ela exige rigoroso controle sobre os processos, e, antes de mais nada, requer um projeto bem estruturado, o que pode ser desafiador para aqueles que não estão acostumados a planejar seus processos de forma detalhada. Organizações de grande porte podem contar com profissionais especializados para implementar esses modelos, mas empresas de médio e pequeno porte geralmente começam do zero. Se a implementação ocorrer mais por pressão externa, seja por força da legislação ou da sociedade, do que por uma verdadeira cultura corporativa voltada à responsabilidade social e ambiental – um cenário comum no Brasil e no mundo – fica ainda mais difícil incentivar os gestores a sair da zona de conforto, que até então esteve centrada no desempenho financeiro e no lucro, independentemente dos impactos sociais e ambientais da organização. Contudo, as organizações contemporâneas têm à sua disposição um aliado importante nesse processo de adaptação: a Inteligência Artificial (IA). Com seu poder de processamento de dados, a IA não só auxilia na implementação inicial de uma estratégia ESG, como também oferece suporte contínuo no controle de processos e no acompanhamento das ações necessárias para o bom funcionamento do modelo. Embora seja mais fácil ilustrar a aplicação de IA no aspecto financeiro, é importante notar que a sustentabilidade vai além disso. Sistemas de precificação baseados em IA são um bom exemplo de como essa tecnologia pode beneficiar as organizações. Eles analisam em tempo real dados sobre os preços da concorrência, custos internos da empresa e comportamento dos consumidores, e oferecem aos gestores insights sobre como precificar produtos de forma competitiva. Isso é particularmente útil no setor varejista, como no caso das grandes redes de farmácias que frequentemente ajustam seus preços e ofertas. Esses sistemas permitem otimizar processos de vendas com um nível de eficiência que seria impossível alcançar apenas com métodos tradicionais, como planilhas ou softwares antigos. Contudo, o exemplo de precificação se aplica a diversas áreas de uma empresa, incluindo compras, vendas, recursos humanos, finanças e até processos industriais. Quando esses sistemas são integrados, os gestores conseguem ter uma visão completa e em tempo real de todos os processos, o que facilita a tomada de decisões. Mas o conceito ESG também abrange as preocupações ambientais e sociais. A IA pode ser um poderoso aliado nesse contexto. Ela já está sendo utilizada por diversas empresas e governos para monitorar práticas internas que possam indicar fraudes, corrupção, desvios de conduta ou até falhas que possam resultar em impactos ambientais ou sociais negativos. Além disso, a IA oferece insights sobre como as organizações podem reduzir seus impactos ambientais, seja identificando alternativas para o consumo de energia ou avaliando o impacto de suas operações nas comunidades ao redor. Em termos sociais, a tecnologia também tem sido aplicada para promover a transparência, melhorar a gestão de risco e otimizar as cadeias de suprimentos. Na área da saúde, por exemplo, a IA já tem um papel fundamental na otimização dos atendimentos, diagnósticos e até em cirurgias, tornando esses processos mais rápidos, precisos e menos custosos. Isso não só reduz despesas, mas também contribui para um atendimento de melhor qualidade e menor tempo de internação para os pacientes. No entanto, é importante destacar que a IA não é autônoma; ela funciona de acordo com os parâmetros definidos pelos seres humanos. São os gestores que determinam como a IA deve operar e que orientam sua aplicação. Isso traz à tona uma questão ética crucial: a necessidade de gestores bem intencionados que não apenas direcionem a IA para fins comerciais, mas também assegurem que ela seja usada para promover práticas transparentes e responsáveis. De certa forma, a comparação entre sistemas econômicos, como o capitalismo e o socialismo, ajuda a entender esse ponto. Ambos os modelos dependem mais dos gestores do que do sistema em si para alcançar o sucesso. O mesmo ocorre com a IA, que pode ser usada para promover transparência e eficiência ou, se mal administrada, pode ser manipulada para ocultar falhas ou favorecer interesses escusos. Portanto, a adoção de IA no contexto corporativo precisa vir acompanhada de protocolos de governança que assegurem a ética e a transparência em seu uso. Uma analogia útil aqui é o processo eleitoral no Brasil. A credibilidade do sistema eleitoral decorre do fato de que ele é administrado por um órgão independente, o TSE, que não está sujeito aos interesses diretos dos políticos. Da mesma forma, nas empresas que adotam a IA para implementar modelos ESG, é fundamental criar um conjunto de protocolos que impeça que o poder de decisão seja concentrado nas mãos de um único grupo ou executivo. Além disso, é essencial não perder de vista os impactos ambientais da própria tecnologia. O uso de IA envolve a fabricação de equipamentos, o consumo de energia durante seu funcionamento e o descarte dos dispositivos ao final de sua vida útil. Para mitigar esses impactos, as empresas precisam desenvolver planos para garantir a sustentabilidade de suas operações. O recente interesse de gigantes como Google e Amazon por pequenos reatores nucleares para gerar energia ilustra um exemplo de solução tecnológica que, embora eficaz, traz consigo seus próprios desafios ambientais, como o risco de resíduos nucleares. Portanto, a IA é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa e indispensável para o futuro dos modelos ESG. No entanto, é crucial que as empresas adotem uma abordagem cuidadosa, consciente e ética, garantindo que a implementação da tecnologia seja feita de forma responsável, com atenção aos seus impactos e ao papel fundamental da transparência e da governança na sua utilização.

Startups de Tecnologia: 5 Tendências para Explorar em 2025

Juliana Suzin, CEO da Startup Academy, aponta oportunidades para novos empreendedores no Brasil em 2025 Com o avanço das tecnologias digitais e o crescente interesse por inovação no Brasil, 2025 desponta como um ano promissor para empreendedores que buscam transformar suas ideias em negócios concretos. Embora o país ainda enfrente desafios econômicos e uma recuperação lenta, Juliana Suzin, CEO e cofundadora da edtech Startup Academy, compartilha cinco fatores que indicam um ambiente favorável para novas iniciativas empreendedoras. 1. Ambiente favorável para novos negócios Apesar das dificuldades econômicas, o cenário brasileiro está se tornando mais propício para empreendedores inovadores. A transformação digital, aliada a uma nova mentalidade no mercado, tem gerado novas oportunidades em diversos setores. O país, que historicamente enfrenta desafios econômicos, está experimentando uma maturação no ecossistema de startups, tornando-se mais receptivo a modelos de negócios disruptivos. 2. Acesso a investimentos O mercado de investimentos continua ativo, especialmente em setores ligados à tecnologia. Investidores estão cada vez mais em busca de soluções inovadoras e modelos de negócios escaláveis, e isso se reflete na crescente atração por startups, especialmente nas áreas de saúde, educação e tecnologia. O volume de investimentos tem se mantido positivo, o que demonstra que os investidores estão dispostos a apostar no potencial de novas empresas, desde que elas apresentem diferenciação e potencial de crescimento. 3. Apoio ao empreendedorismo Juliana destaca que o ecossistema de empreendedorismo no Brasil está mais robusto do que nunca. Com programas de capacitação, aceleradoras e mentorias, os novos empreendedores têm acesso a recursos valiosos para validar e estruturar suas ideias. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o apoio institucional e a infraestrutura de aceleração têm aumentado significativamente, criando um ambiente mais propício para o lançamento de startups. 4. Consumidor brasileiro mais receptivo a inovações Outro ponto importante é a mudança no comportamento do consumidor. O brasileiro está cada vez mais disposto a adotar novas tecnologias e experiências inovadoras. Isso cria uma janela de oportunidade para empreendedores que buscam oferecer soluções disruptivas. Ao mesmo tempo, a digitalização da economia está permitindo que novos modelos de negócios se conectem rapidamente com o consumidor, facilitando a escalabilidade das startups. 5. Escalabilidade no horizonte A possibilidade de escalabilidade também se destaca como um fator crucial para o sucesso das startups. Com o crescimento da internet e das soluções digitais, as startups brasileiras podem acessar mercados além das fronteiras locais, atingindo novos públicos e ampliando seu alcance. A capacidade de adaptação rápida e a utilização de ferramentas tecnológicas são essenciais para que os novos negócios consigam crescer de forma sustentável. O que o futuro reserva para os empreendedores Juliana observa que o ecossistema de startups no Brasil está amadurecendo de forma acelerada. Hoje, existe um ambiente muito mais favorável para o lançamento de novas empresas, com investidores cada vez mais atentos a modelos de negócios inovadores e de alto impacto. De acordo com o relatório Inside Venture Capital, da Distrito, setores como saúde, educação e tecnologia continuam a atrair uma fatia significativa dos investimentos. Ela também ressalta que o empreendedorismo exige mais do que uma boa ideia. “É preciso ter uma visão clara do problema a ser resolvido e entender as nuances do mercado. Além disso, é fundamental contar com uma rede de apoio que ajude a validar a proposta e a estruturar o negócio de forma sólida”, afirma. Dica para os empreendedores de 2025 Para quem está pensando em começar um negócio, Juliana sugere que 2025 oferece boas perspectivas, especialmente para aqueles que têm um modelo de negócio escalável e inovador. Porém, ela alerta que é importante estar preparado para os desafios. “Os empreendedores precisam estar dispostos a adaptar seus negócios e a si mesmos às mudanças que ocorrerão no caminho. A flexibilidade e a capacidade de aprender com os erros serão fundamentais para o sucesso”, conclui a CEO da Startup Academy. Com os dados, o suporte e as oportunidades que surgem, 2025 pode ser o ano ideal para quem deseja dar o primeiro passo rumo ao empreendedorismo no Brasil.