Um levantamento da Consultoria LHH revela um mercado com variação salarial, mas com um forte desejo de permanência dos profissionais em seus empregos: mais de 70% indicam essa intenção. O estudo também aponta para uma mudança nos modelos de atração e retenção, que ascendem à prioridade estratégica nas organizações.
O Guia Salarial 2025, elaborado pela LHH a partir de uma pesquisa com mais de 30 mil funcionários em 23 países, abrangendo diversos setores, funções e portes de empresas, busca apresentar ao mercado as principais transformações em curso e futuras. A retenção de talentos, a agenda ESG e a crescente influência da Inteligência Artificial (IA) emergem como desafios centrais para o futuro do trabalho.
Gustavo Coimbra, Diretor da LHH Brasil, destaca a constante evolução do mercado global e o dinamismo e competitividade do ambiente profissional brasileiro, impulsionado pela alta adesão às redes sociais, como o terceiro maior número de usuários do LinkedIn.
O estudo da LHH indica que a média salarial já retornou aos níveis pré-pandemia, e em alguns casos, os superou. Contudo, Coimbra aponta para um novo fenômeno econômico, a “vibecessão”, onde o pessimismo persiste apesar de indicadores positivos, influenciado pelo cenário político, tanto no Brasil quanto globalmente, como as recentes discussões sobre taxação nos Estados Unidos.
Essa incerteza pode contribuir para que 73% dos profissionais pesquisados planejem permanecer em seus empregos no próximo ano. “Essa é uma boa notícia para as organizações, porém, estas devem ficar atentas, pois 47% deles estão de olho em novas vagas e 33% pensam em seu plano de carreira diariamente”, alerta o diretor. Ele enfatiza a necessidade da liderança em promover treinamentos para o desenvolvimento de habilidades, construindo uma força de trabalho mais diversa e versátil, especialmente em relação à IA.
A pesquisa demonstra que, com a crescente automação de tarefas pela IA e machine learning, os colaboradores precisam integrar essas tecnologias em suas funções atuais e nas novas que surgirão. Um dado positivo é que 65% dos entrevistados acreditam que a digitalização terá um impacto positivo em seus empregos, indicando uma menor preocupação com a substituição em comparação com o início da discussão sobre IA. Para garantir essa segurança, a liderança precisará investir no desenvolvimento de habilidades. Coimbra ressalta que 51% dos profissionais que desejam permanecer em seus empregos atuais condicionam essa decisão à progressão na carreira e a iniciativas de aprimoramento de suas habilidades.
Outro ponto crucial levantado pelo estudo é a agenda ESG, com foco na inovação. O Guia aponta que equipes inclusivas tomam decisões melhores em 87% das vezes, conquistam 15% mais clientes e aumentam sua participação no mercado. Essas equipes também são 8 vezes mais propensas a alcançar melhores resultados e 6 vezes mais inclinadas à inovação e agilidade. “Estamos falando de um caminho sem volta e ainda complexo quando comparamos a visão dos dois lados. Nosso Guia detectou que 91% dos empregadores acham que suas organizações fazem o suficiente para promover a diversidade no local de trabalho, porém 61% dos colaboradores acham que suas empresas poderiam fazer mais”, adverte Coimbra.
Diante desse panorama, Gustavo Coimbra salienta que as organizações enfrentam o desafio primordial de desenvolver líderes melhores para, consequentemente, desenvolver talentos. Adaptabilidade digital, comunicação empática e inteligência emocional e social se tornam essenciais para a liderança. O estudo revela que mais de 50% dos funcionários dependem de seus empregadores e gerentes para entender e se preparar para a evolução de seus empregos, evidenciando o desafio para as organizações e suas lideranças.
Coimbra conclui que o estudo demonstra claramente a sobreposição de valores intangíveis aos tangíveis, como a remuneração isolada. Flexibilidade no trabalho, modelos híbridos e remotos e, principalmente, a perspectiva de desenvolvimento de habilidades são os fatores mais relevantes atualmente. “É um novo momento, uma nova era e não vai parar por aí”, afirma.
Para ele, a pesquisa deixa explícito que as organizações devem aprimorar suas percepções e, sobretudo, preparar os colaboradores para as mudanças cada vez mais constantes trazidas pela IA e pela transformação digital, incentivando o desenvolvimento de soft skills como adaptabilidade, pensamento crítico e funcionalidade executiva. “É preciso engajar cada um nesse conceito, pois eles estão abertos a isso. Então, treinamentos regulares para progredir na carreira e a promoção de planos de carreira não lineares serão primordiais para a retenção de talentos e equipes com bom desempenho”, finaliza.